quarta-feira, 10 de setembro de 2014

LEITORES SEM LEITURA - No vácuo de sua elite cultural, Brasil vira uma sociedade de letrados sem exercício (Luiz Costa Pereira Junior)

O Brasil é uma sociedade de letrados sem leitura.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro, há quase 90 milhões de pessoas letradas no Brasil, mas uma parcela grande desse bolo simplesmente não lê nada: são 14 milhões de alfabetizados sem leitura, todos maiores de 15 anos. 
Esse grupo não é de analfabetos funcionais, o dos que aprenderam a escrever ou ler o nome, só isso ou pouco mais. Eles representam antes 15% do total de brasileiros capaz de entender o que lê. São parte da elite cultural.
1/3 do leitor da classe A admite ter total falta de prazer com o ato de ler.
1 em 4 pessoas AB dizem que não leem por preguiça ou impaciência.
1 em 4 pessoas com nível superior diz que não gosta de ler, nem pega num livro depois dos 19 anos se não for por obrigação (em geral, a pedido da escola ou em razão do emprego).

Diferenças
O mercado editorial cresceu nos últimos anos, mas o consumo de obras de qualidade se mistura nas estatísticas às de best-sellers e papel pintado com prosa caça-níquel, obras religiosas ou de autoajuda.

A demanda por leitura não é consistente o bastante para sustentar livrarias por todo o país.
O país tem hoje 1.800 livrarias, metade no estado de São Paulo, cuja capital tem cerca de 200 livrarias. O Rio de Janeiro tem umas 150. Acre e Amapá são os que menos têm: três cada.
É pouco. O Brasil tem 1 livraria para cada 84.500 habitantes. Os Estados Unidos tem 1 para 15 mil e os argentinos, 1 para 50 mil - o que legitimou o mito de que só  Buenos Aires teria mais livrarias que todo o Brasil (mas lá há não mais de 400).
Conclusão: o pouco hábito de leitura da elite brasileira é que tem se tornado responsável pelo grosso da bobagem editorial consumida no país.

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