01-
O
estilo Odorico: Suspeite do conjunto de expressões destinado
a reduzir o impacto das palavras, como se isso diminuísse o impacto da
realidade adversa, como por exemplo: a necessidade de “realinhamento de tarifas
públicas” em lugar de “aumento de energia e gasolina”, “estiagem histórica” ou
“crise de mananciais” em lugar do impopular “racionamento”.
02-
Vazio comunicativo:
Construções de frases com que todos concordam, mas nada especificam, como por
exemplo, “A cidade precisa de saúde”, “o futuro depende da educação”, padecem
de detalhes que as transformem numa proposta concreta. Tais generalidades são
úteis a candidatos porque compromissos explícitos assumidos podem ter um preço
alto a pagar durante o mandato.
03-
Criar reservas mentais: Não
implicação lógica entre premissas e conclusão: o que é concluído pode ser
verdadeiro, mas não pelos motivos alegados. Dificilmente alguém discordaria da
resposta.
04-
Distorção deliberada: Distorcer
ou atribuir ao oponente um ponto de vista falso sobre uma questão é uma falácia
que só se combate com pesquisa por parte do eleitorado, o que raramente ocorre.
Em 1945, o presidenciável Eduardo Gomes, brigadeiro, declarou que não queria os
votos da ”malta de desocupados que frequentava os comícios de Getúlio Vargas” Seus
oponentes retiraram a palavra “malta” (bando) do contexto e espalharam que o
brigadeiro se referia aos “operários que levam suas marmitas pelas linhas
férreas”, os marmiteiros. Em outras palavras, equivalia a dizer que ele
repugnava o voto da população de baixa renda. Então, Gomes virou um elitista
aos olhos do eleitorado.
05-
Driblar a obrigação de provar: Desconfie
ao menos de três formas mais frequentes de evitar a obrigação de oferecer
evidências para sustentar um argumento:
1) considerar
óbvio que não há cabimento em questionar a afirmação. “Ninguém em seu juízo
perfeito pode ser a favor da legalização da maconha.”
2)
O candidato se coloca como a garantia de
correção daquilo que ele mesmo afirma. “Estou convencido de que...”
3)
Elaborar frases em que um comportamento
isolado é generalizado, um traço específico vira um traço comum.
06-
Ignorar a questão concreta: É
discorrer sobre algo paralelo à questão central, sem parecer que se muda de assunto.
“O senhor é contra ou a favor da volta da CPMF?” “Veja bem: A captação de
recursos para a saúde... blá, blá, blá... e fiz mais pela saúde ... blá, blá, blá...
não se trata de onerar a carga tributária... blá, blá, blá...”
07-
Atacar a pergunta:
Quando o governo não tem como defender um ato governamental, reage a um pedido
de CPI pela oposição, dizendo que se trata de manobra eleitoreira. Quando a
oposição quer desviar a atenção sobre uma ação do governo, faz o mesmo.
08-
Tirar o corpo fora: O
orador justifica um erro pela tradição ou por um equívoco similar do rival feito
tempos antes. Para não levar a culpa por algo, argumenta-se que as coisas
sempre foram feitas daquela maneira ou o rival cometeu o mesmo deslize.
09-
Questão complexa: Uma
afirmação prévia vem embutida numa pergunta ou numa afirmação. “A eleitoreira
política social do governo gastou milhões do Tesouro”: o pressuposto é que a
política social é eleitoreira.
10-
Efeito dominó: é concluir
de uma proposição uma série de fatos ou consequências que podem ou não ocorrer.
É um raciocínio levado indevidamente ao extremo, às últimas consequências. “O
álcool e uma dieta pobre também são grandes assassinos. Deve o governo regular
o que vai à nossa mesa? A perseguição à indústria de fumo pode parecer justa,
mas também pode ser o fim da liberdade” (Veja, agosto 2000: 36) (JLF)
Rev. Língua Portuguesa,
set 2014, Ano 9
Nenhum comentário:
Postar um comentário