terça-feira, 30 de setembro de 2014

Músicas de protesto







A poesia na ditadura militar - Poesia marginal


A poesia marginal recebeu este nome porque poetas abandonaram os meios tradicionais de circulação de suas obras (livros, revistas e jornais) e buscaram meios alternativos, divulgando suas obras por meio de cópias mimeografadas, vendidas de mão em mão, a baixo custo, nas ruas, praças e universidades. *Mimeógrafo era uma "máquina primitiva" e poderosa. Com ele,  sonhava-se a revolução. Nele, imprimiam-se panfletos que pretendiam mudar o mundo. Acreditava-se na possibilidade de indignação dos que ainda não sabiam dos fatos que estavam ocorrendo. Toda uma geração de poetas se editou e correu noites pelos bares divulgando o seu trabalho. Foi o modo encontrado para aqueles que queriam se expressar em pleno regime de ditadura militar. Era a voz do gueto. Geração mimeógrafo: poesia alternativa, atitude do poeta como parte da poesia.

Heloísa Buarque de Hollanda publicou o livro “26 Poetas Hoje”, reunindo poemas de 26 poetas da geração mimeógrafo, verdadeira antologia da poesia marginal.
*O mimeógrafo, para quem nunca ouviu falar disso, funcionava assim: o papel era colocado de um lado, girava-se a manivela para girar o cilindro do meio no qual estava enrolada a matriz, que passava por uma espécie de esponja embebida em álcool. O papel saía do outro lado, impresso em letras roxas borradas, dependendo da quantidade de álcool que fora colocado.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

CINEMA - A vasta produção cinematográfica sobre a ditadura permite conhecer e debater diferentes narrativas sobre o período.


Uma conspiração internacional liderada pelos Estados Unidos. Mensagens cifradas, tortura, assassinatos. Gritos. Sussurros. Medo. A história da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985) é povoada por elementos que renderiam um filme. Esse período não ficou imune ao registro crítico, e rendeu não apenas um, mas muitos filmes.

São dramas históricos, documentários, romances e até filmes infantis realizados desde o regime de exceção até hoje. 








sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Como não se deixar contaminar pelas falácias do período eleitoral



01-    O estilo Odorico: Suspeite do conjunto de expressões destinado a reduzir o impacto das palavras, como se isso diminuísse o impacto da realidade adversa, como por exemplo: a necessidade de “realinhamento de tarifas públicas” em lugar de “aumento de energia e gasolina”, “estiagem histórica” ou “crise de mananciais” em lugar do impopular “racionamento”.

02-   Vazio comunicativo: Construções de frases com que todos concordam, mas nada especificam, como por exemplo, “A cidade precisa de saúde”, “o futuro depende da educação”, padecem de detalhes que as transformem numa proposta concreta. Tais generalidades são úteis a candidatos porque compromissos explícitos assumidos podem ter um preço alto a pagar durante o mandato.

03-   Criar reservas mentais: Não implicação lógica entre premissas e conclusão: o que é concluído pode ser verdadeiro, mas não pelos motivos alegados. Dificilmente alguém discordaria da resposta.

04-   Distorção deliberada: Distorcer ou atribuir ao oponente um ponto de vista falso sobre uma questão é uma falácia que só se combate com pesquisa por parte do eleitorado, o que raramente ocorre. Em 1945, o presidenciável Eduardo Gomes, brigadeiro, declarou que não queria os votos da ”malta de desocupados que frequentava os comícios de Getúlio Vargas” Seus oponentes retiraram a palavra “malta” (bando) do contexto e espalharam que o brigadeiro se referia aos “operários que levam suas marmitas pelas linhas férreas”, os marmiteiros. Em outras palavras, equivalia a dizer que ele repugnava o voto da população de baixa renda. Então, Gomes virou um elitista aos olhos do eleitorado.

05-   Driblar a obrigação de provar: Desconfie ao menos de três formas mais frequentes de evitar a obrigação de oferecer evidências para sustentar um argumento:
1)    considerar óbvio que não há cabimento em questionar a afirmação. “Ninguém em seu juízo perfeito pode ser a favor da legalização da maconha.”
2)      O candidato se coloca como a garantia de correção daquilo que ele mesmo afirma. “Estou convencido de que...”
3)      Elaborar frases em que um comportamento isolado é generalizado, um traço específico vira um traço comum.

06-   Ignorar a questão concreta: É discorrer sobre algo paralelo à questão central, sem parecer que se muda de assunto. “O senhor é contra ou a favor da volta da CPMF?” “Veja bem: A captação de recursos para a saúde... blá, blá, blá... e fiz mais pela saúde ... blá, blá, blá... não se trata de onerar a carga tributária... blá, blá, blá...”

07-   Atacar a pergunta: Quando o governo não tem como defender um ato governamental, reage a um pedido de CPI pela oposição, dizendo que se trata de manobra eleitoreira. Quando a oposição quer desviar a atenção sobre uma ação do governo, faz o mesmo.

08-   Tirar o corpo fora: O orador justifica um erro pela tradição ou por um equívoco similar do rival feito tempos antes. Para não levar a culpa por algo, argumenta-se que as coisas sempre foram feitas daquela maneira ou o rival cometeu o mesmo deslize.

09-   Questão complexa: Uma afirmação prévia vem embutida numa pergunta ou numa afirmação. “A eleitoreira política social do governo gastou milhões do Tesouro”: o pressuposto é que a política social é eleitoreira.

10-   Efeito dominó: é concluir de uma proposição uma série de fatos ou consequências que podem ou não ocorrer. É um raciocínio levado indevidamente ao extremo, às últimas consequências. “O álcool e uma dieta pobre também são grandes assassinos. Deve o governo regular o que vai à nossa mesa? A perseguição à indústria de fumo pode parecer justa, mas também pode ser o fim da liberdade” (Veja, agosto 2000: 36) (JLF)

Rev. Língua Portuguesa, set 2014, Ano 9

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

PRESIDENTE OU PRESIDENTA?

Se quisesse seguir a lei com um rigor,  o brasileiro teria de oficialmente referir-se a Dilma Rousseff como   "presidenta".  A  lei federal 2.749, de 1956, do senador Mozart Lago (1889-1974), determina o uso oficial da forma feminina para designar cargos públicos ocupados por mulheres. Era letra morta. Até o país escolher sua primeira mulher à Presidência da República.

Criada num pós-guerra em que os países incorporaram direitos em resposta a movimentos sociais, a lei condiciona o uso flexionado ao que for admitido pela gramática. O que daria vez à forma "presidente". O problema é que não há consenso linguístico que justifique opção contrária à lei. Muitos professores, gramáticos e dicionaristas se apressaram em dizer que tanto "a presidente" como "presidenta" são legítimas. Mas número equivalente tomou "presidenta" como neologismo avesso ao sistema da língua.

Em comunicado, a equipe do Lexikon, que atualiza o dicionário Aulete, avalia que os substantivos e adjetivos de dois gêneros terminados em  -ente não apresentam flexão de gênero terminado em  -a . Por isso, não dizemos "gerenta", "pacienta", "clienta" etc. Caso fosse "presidenta", por coerência, diríamos "a presidenta está contenta" e "o presidente está contento".
 
Linguistas de instituições como USP ponderam.  Marcelo Módolo informa que, embora pareça recente, "presidenta" é termo antigo. Ao menos desde o dicionário de Cândido de Figueiredo (1899):

"Presidenta, f. (neol.) mulher que preside; mulher de um presidente. (Fem. de presidente.)"

- "Presidenta"  já está consignado no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), no Houaiss.

LEITORES SEM LEITURA - No vácuo de sua elite cultural, Brasil vira uma sociedade de letrados sem exercício (Luiz Costa Pereira Junior)

O Brasil é uma sociedade de letrados sem leitura.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro, há quase 90 milhões de pessoas letradas no Brasil, mas uma parcela grande desse bolo simplesmente não lê nada: são 14 milhões de alfabetizados sem leitura, todos maiores de 15 anos. 
Esse grupo não é de analfabetos funcionais, o dos que aprenderam a escrever ou ler o nome, só isso ou pouco mais. Eles representam antes 15% do total de brasileiros capaz de entender o que lê. São parte da elite cultural.
1/3 do leitor da classe A admite ter total falta de prazer com o ato de ler.
1 em 4 pessoas AB dizem que não leem por preguiça ou impaciência.
1 em 4 pessoas com nível superior diz que não gosta de ler, nem pega num livro depois dos 19 anos se não for por obrigação (em geral, a pedido da escola ou em razão do emprego).

Diferenças
O mercado editorial cresceu nos últimos anos, mas o consumo de obras de qualidade se mistura nas estatísticas às de best-sellers e papel pintado com prosa caça-níquel, obras religiosas ou de autoajuda.

A demanda por leitura não é consistente o bastante para sustentar livrarias por todo o país.
O país tem hoje 1.800 livrarias, metade no estado de São Paulo, cuja capital tem cerca de 200 livrarias. O Rio de Janeiro tem umas 150. Acre e Amapá são os que menos têm: três cada.
É pouco. O Brasil tem 1 livraria para cada 84.500 habitantes. Os Estados Unidos tem 1 para 15 mil e os argentinos, 1 para 50 mil - o que legitimou o mito de que só  Buenos Aires teria mais livrarias que todo o Brasil (mas lá há não mais de 400).
Conclusão: o pouco hábito de leitura da elite brasileira é que tem se tornado responsável pelo grosso da bobagem editorial consumida no país.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014



AUGUSTO DOS ANJOS - No centenário do poeta, um convite aos versos que ecoam a tragicidade irônica da condição humana. (Leda Cartum)

“Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!”,

Assim se define Augusto dos Anjos em O Poeta Hediondo. A palavra “hediondo”, que dá título ao soneto, significa aquilo ou aquele que nos causa horror, espanto, indignação. E é justamente dessa forma que o poeta Augusto dos Anjos (1884-1914), cujo centenário de morte é comemorado neste ano, ficou conhecido na história da poesia brasileira: aquele dos versos repletos de vermes, de morte e de decomposição. Versos de um solitário autor de apenas um livro, Eu (1912), que só pôde ser publicado porque contou com a ajuda financeira do irmão e que mal foi notado pelos críticos da época, parado nas livrarias e rapidamente esquecido por todos.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Independência ou Morte!!!!! - Jogo dos sete erros


Todo mundo conhece esse quadro. Está lá, todo imponente, no Museu Paulista da USP. Está também em qualquer livro de História. Independência Ou Morte foi pintado em 1888 pelo artista Pedro Américo. O quadro mede 4,15m de altura por 7,60m de largura. O artista  terminou de pintar o quadro em 1888 em Florença, na Itália (66 anos após a independência ser proclamada). A Família Real  encomendou a obra, pois investia na construção do Museu do Ipiranga (atual Museu Paulista). A idéia da obra era ressaltar a monarquia. Como a obra é uma representação idealizada do gesto de D. Pedro I, há vários exageros e equívocos nele:

01- Dom Pedro não utilizava cavalos. Na época, em viagens longas, todos utilizavam jumentos e mulas.
02- A comitiva de Dom Pedro I era formada por poucos soldados, e não era grande conforme mostrado no quadro.
03- Dom Pedro e os soldados usavam roupas simples de algodão, conforme pesquisas, e não uniformes de gala.
04- A casa ao fundo, que ficou conhecida como “Casa do grito” não existia em 1822, só foi construída após 62 anos.
05- O riacho Ipiranga está no lugar errado. Ele deveria estar atrás de quem observa o quadro.
06- O príncipe regente foi retratado com semblante de vitória, às margens do Ipiranga. Mas na verdade, estava no alto da colina, sentindo fortes dores, com diarreia que, para muitos historiadores, foi causada pelo cansaço da longa viagem.
07-   O quadro mostra alguns homens simples em carros de boi. Na verdade, o povo não participou do ato.


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